Num ano normal por esta época, estaríamos em plena colheita de morangos. Este ano, no entanto, não é assim.
Para nós os morangos junto com os tomates e as nozes, são a campanha mais importante do ano. Em anos anteriores comprávamos todas as plantas novas. Entre finais de Dezembro, princípios de Janeiro plantávamos e mais ou menos em Abril, começávamos a apanhar morangos em abundância. O ano passado foi um ano tão bom que tivemos morangos até ao fim do verão e em Novembro com o verão de S. Martinho ainda fizemos uma última colheita que usamos para fazer um delicioso doce de morango que durou um suspiro!
Mas nestas coisas da agricultura, sobretudo agricultura natural sem estufa, quem manda é mesmo o tempo.
Este ano decidimos que plantaríamos os morangos na parte final da horta. Nessa parte sempre fazemos uma plantação de alguma planta que sirva de adubo verde. Já fizemos trigo sarraceno e nos últimos dois anos temos feito azevém. O ano foi bastante chuvoso e em Dezembro e Janeiro houve uma pequena trégua mas o azevém ainda estava a crescer e tivemos que esperar para preparar a terra. Depois continuou a chover e desistimos de comprar plantas novas e optamos por usar as do ano passado. E assim foi quando em Março, com já um grande atraso, pusemos mãos à obra para pôr em prática a campanha dos morangos de 2021.
Os morangos do ano passado, ao contrário de outros anos e devido às chuvas abundantes, sobreviveram a maioria. Em Março estavam totalmente escondidos entre as ervas daninhas. Enquanto o Jordi cortava o azevém com o corta matos, eu dediquei-me a retirar da terra todos os morangueiros, a separá-los e a limpá-los. No fim tínhamos quase 700 pés!
Depois de cortar o azevém, passamos o motocultivador para que o azevém ficasse integrado na terra e servisse de abono.
Finalmente a meados de Março e já com temperaturas bastante superiores ao normal para a época, conseguimos plantar os morangos. Já desde o ano passado que abandonamos totalmente o plástico. As desvantagens eram imensas: para começar, por inexperiência, tínhamos grande dificuldade em colocar o plástico. Mas o pior era mesmo quando chegávamos ao fim da produção e tínhamos de tirá-lo. No fim rompia-se, parte ficava na terra e era uma angústia conseguir eliminá-lo. De modo que no ano passado fizemos a experiência de substituir o plástico por uma cobertura de palha e o resultado foi muito bom. A produção não foi menor e no fim a palha já fica como abono. Este ano repetimos a técnica, não só nos morangos mas em muitos outros cultivos.
Devido ao calor excessivo que se fez sentir em Março, algumas plantas não sobreviveram. Depois vieram as chuvas das últimas semanas e a verdade é que foram uma bênção porque os morangueiros que sobreviveram animaram-se e alguns já têm fruta.
Entretanto temos os clientes que se habituaram nos últimos anos a comprar os nossos morangos, a perguntarem-nos se este ano vamos ter morangos. Gostava de ter uma resposta mas sinceramente os últimos anos ensinaram-me que “até ao lavar dos cestos é vindima” por isso estamos à espera a ver se a natureza nos brinda com uma boa surpresa ou não! Nós cá por casa lá vamos matando saudades dos morangos com os poucos que vamos apanhando dos morangueiros do nosso telhado verde. Esses sim, estão lindos e em plena produção!