Antes de me mudar a viver no campo e na quinta, vivia em Barcelona e para além da vida normal e acelerada da cidade, durante os 7 anos anteriores à mudança para o campo, trabalhei de domingo a segunda, 7 dias à semana. O tempo é absolutamente relativo. Estamos há 8 anos aqui na quinta e parece-me que voaram e, no entanto, aqueles 7 anos pareceram-me lentíssimos. Foram os anos mais duros da minha vida e também os que me queimaram mais. Por isso quando começamos a procurar um caminho alternativo e dentro das várias possibilidades, a da mudança a um sítio tranquilo, a uma atividade mais em contacto com a natureza, pareceu-me tudo aquilo que o meu corpo e a minha alma precisavam. Uma vida mais slow.
Mas afinal de contas o que é o Slow Living? Abrandar é a palavra chave. Estar mais presente, para a família, para os amigos e também para nós. Criar um estilo de vida mais saudável, mais equilibrado. Ter tempo.
E para adoptar esta filosofia de vida é preciso deixar tudo para trás e ir viver para o campo? Cada pessoa pode fazer pequenas, mas consistentes mudanças na sua vida diária sem ter que gastar grandes recurso ou mudar a sua vida de uma forma drástica. Na sua essência o Slow Living é tornar a vida mais fácil e mais agradável e isso tanto pode acontecer na cidade ou no campo.
O que se pode fazer para ter uma vida mais slow, dependerá de cada pessoa, no entanto deixo aqui algumas ideias e sugestões.
Decidir o que é importante para ti
A minha versão de slow living é ter tempo para as coisas que gosto de fazer. No meu caso ter tempo para ler, ter tempo para dedicar a algum trabalho manual (gosto sempre de ter alguma coisa começada) e caminhar. E quando arranjamos tempo para nos dedicarmos a estes pequenos prazeres acabamos por nos sentir mais tranquilos, menos stressados e até mais criativos.
Manhãs mais lentas
De manhã há várias coisas que sempre detestei: acordar quando ainda é de noite (devia de estar proibido!), acordar com o despertador e ter que correr logo de manhã.
Já que muitas vezes é inevitável acordar de noite e com despertador, ao menos que possamos acordar mais lentamente. Tomar o pequeno almoço sentado mesmo que seja só um café e uma torrada, ajudam neste lento despertar e se temos família, poder juntar todos à mesa do pequeno almoço, já é um verdadeiro luxo!
Refeições mais lentas
Não é só comer mais lentamente (às vezes também é preciso!) mas trata-se de apreciar o processo de cozinhar e comer. Cá em casa dedicamos uma parte do nosso dia a preparar as refeições. Já o fazíamos quando vivíamos na cidade e tínhamos horários mais apertados e agora ainda mais. O momento da refeição divide dois turnos de trabalho. Repomos energias gastas de manhã e ganhamos energia para o turno da tarde.
Caminhar
Não precisam ser grandes caminhadas. Cada um decide o que se adapta à sua condição física e ao tempo que está disposto a investir. Caminhar é uma das atividades físicas que mais gosto de fazer sobretudo rodeada de natureza. Se vives na cidade, procura o parque mais próximo. Quando temos a cabeça cheia de preocupações e problemas, dar um passeio é sempre uma boa solução. Não vai resolver o problema mas vai ajudar a acalmar e a libertar o stress.
Plantar uma horta
Quem diz plantar uma horta, diz rodear-se de plantas. Para além da beleza que trazem à casa ou ao jardim, cultivar plantas ajuda a melhorar o humor e tem um efeito terapêutico e calmante. E se conseguimos cultivar uma horta a satisfação ainda aumenta mais quando colhemos os frutos do que semeamos!
Apreciar as pequenas coisas da vida
Quantas coisas “grandiosas” realmente passam na nossa vida? Algumas certamente, mas a maioria serão pequenas coisas e não por isso menos importantes. Emocionar-nos com o nascer do sol, agradecer a paisagem que vemos desde a nossa janela, disfrutar com um dia passado à beira mar ou na montanha, mil e uma coisas tão simples mas que se tivermos capacidade de as vermos, nos fazem infinitamente mais felizes.
Fazer pequenas mudanças
Começar pouco a pouco. Não é preciso mudar a vida do dia para a noite. Faz pequenas mas importantes mudanças que funcionem para ti nesse momento. Um passo muitas vezes leva a outro e não é preciso correr, todo o contrário!